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É possível fazer uma definição simples e direta para farofa:
prato bastante popular, de baixo custo e fácil de preparar. Dessa definição
surge a comparação utilizada para falar de diversas músicas tocadas
incessantemente nas rádios hoje em dia: fazem sucesso, ainda que com a mesma
batida usada infinitas vezes, e, por isso, são fáceis de serem feitas. O
resultado: elas soam todas iguais. Diversos fatores devem ser considerados para
explicar como e porque isso acontece, e uma dessas explicações é o fato de que
um mesmo produtor musical trabalha com diversos artistas, em diversas músicas
diferentes e, por pura preguiça ou falta de criatividade, as fórmulas acabam se
repetindo em alguns desses trabalhos.
Num universo enorme
de nomes que sempre aparecem nos créditos de produções musicais atuais,
peguemos como exemplo o norte-americano Dr. Luke. Com diversos prêmios
acumulados em toda a carreira, e responsável por sucessos de artistas que vão
desde Avril Lavigne a Rihanna e Britney Spears, o compositor e produtor é
presença garantida nos CDs de oito entre dez artistas no topo das paradas
mundiais. A demanda é grande e, talvez por isso, a fonte criativa se esgota
facilmente, como é possível exemplificar com dois dos maiores sucessos
produzidos por ele, lançados em 2010. A base de California Gurls, da Katy
Perry, e Tik Tok, da ke$ha, é exatamente a mesma. Muitas vezes, inclusive, uma
música se mistura perfeitamente à outra, não só nas batidas, mas até nos vocais
das cantoras. Incrível.
No meio musical, o termo “farofa” atualmente também vem
sendo associado a músicas pop que contém batidas eletrônicas. Essas, aliás, são
as mais fáceis de serem encontradas nas rádios, basta ligar o som e uma delas
está tocando. O refrão cheio de sintetizadores muita vezes não contém
absolutamente nenhuma letra, se mantendo só pelas batidas fortes, feitas
exatamente para dançar, e nada mais. Vários artistas pop se baseiam nisso para
tentar manter algum sucesso ou relevância no mercado fonográfico atual.
Jennifer Lopez, por exemplo, que até então estava sumida, reergueu toda a sua
carreira em cima desse “novo estilo” musical, com On The Floor, o hit de 2011.
DJs famosos, como David Guetta e Calvin Harris, são cada vez mais presentes em produções musicais com artistas pop, e as batidas eletrônicas invadem outros estilos, tornando difícil distinguir um do outro. O álbum F.A.M.E., de Chris Brown, ganhou o Grammy de Melhor Álbum de R&B na última edição da premiação, e exemplifica a invasão da música eletrônica em outros estilos, já que o R&B, propriamente dito, não se assemelha em nada a Yeah3x, primeiro single do premiado CD do rapper.
Mais do que julgar se esse tipo de som é bom ou não, o interessante é analisar que rumos o mundo da música vem tomando nesses últimos anos. Melodias criadas para durar e se tornarem clássicas são deixadas de lado, cada vez mais, e em seu lugar o que se cria são músicas sem profundidade, com letras e batidas superficiais. O que parece é que os próprios artistas se preocupam mais com quantos sucessos terão acumulados nas paradas atuais do que com o legado que vão deixar em suas carreiras, influenciando as próximas gerações de artistas.
Por Fernando Vital
Primeiramente parabenizar o blog pela qualidade e variedade nos assuntos postados, e também pela forma que foi escrito o texto acima.
ResponderExcluirEntre vários, mas, uns dos motivos que acesso este página é a criatividade de pegar assunto do cotidiano e expor de maneira fácil e entendível, com uma visão totalmente diferente do qual estamos acostumados observar, dando como exemplo “farofa”, músicas que sempre ouço, mas, não tinha a percepção de que elas são praticamente parecidas.
Obs: as postagens deveria ser igual a nossa respiração – frequentemente.
Abraços de um mero leitor.kkkk